“O peso das pastas transportadas pelos alunos”
“A postura adoptada pelos alunos no acto da escrita”
Resumem-se aqui, os resultados dos estudos sobre o “Peso das pastas transportadas pelos alunos” e a “A postura adoptada pelos alunos no acto da escrita” realizados pela equipa do PES, desta escola, Entre Dezembro de 2010 e Fevereiro do corrente ano e apresentados à comunidade escolar em sessão própria para o efeito no dia 15 deste mês de Março.
Para a sessão de apresentação foram convidados, para comentar os resultados, dois especialistas em matérias relacionadas com as problemáticas tratadas, a saber: O Sr. Prof. Dr. Pedro Arezes da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, reputado académico e investigador na área da Ergonomia e o Sr. Dr. Paulo Baptista experiente e não menos reputado profissional de Fisioterapia.
Os estudos tiveram um carácter prospectivo e visaram a obtenção de dados que permitiram concluir sobre a existência de riscos de lesões músculo-esqueléticas devidos ao peso das pastas dos alunos, bem como às posturas que estes adoptam quando escreve manualmente.
Na posse dos resultados obtidos a equipa do PES tem como objectivos sensibilizar toda a comunidade escolar para o assunto e, posteriormente, divulgar um conjunto de regras e boas práticas para prevenção daqueles riscos. O estudo sobre “Peso das pastas” incidiu sobre uma amostra de 176 alunos (28,2% da população escolar) dos 5.º (43,8%), 6.º (25,6%), 7.º (9,7%), 8.º (10,8%) e 9.º (10,2%) anos de escolaridade. Registaram-se a idade, a altura, o género, o peso do aluno, o peso e o tipo de pasta e a resposta à questão “Queixas-te do peso da pasta?”
Como referência tomou-se a recomendação da Organização Mundial de Saúde que aponta para que a carga transportada pela criança não exceda 10% do seu próprio peso.
Parte dos resultados constam do quadro 1. O estudo permitiu concluir que:
- O número de alunos cujo peso da pasta excede a recomendação da OMS é elevado.
- É no 5.º ano que se encontra a maior taxa de incumprimento daquela recomendação (74%).
- Numa das turmas do 5.º ano observadas a carga transportada por 90% dos alunos não cumpriam esta recomendação.
- Os alunos mais novos são os que mais carga transportam.
- Os mais velhos queixam-se mais do peso das pastas que os mais novos.
- A grande maioria dos alunos transporta o material escolar numa mochila com duas alças. No entanto, por observação, constatou-se que nem sempre a utiliza correctamente. É muito frequente ver-se um aluno transportando a mochila num só ombro, utilizando apenas uma alça, ou verificar que o comprimento das alças está mal ajustado à sua estatura, ou ainda reparar que os pesos estão mal distribuídos na pasta.
Comparando os resultados deste estudo com os que se obtiveram num estudo idêntico efectuado nesta mesma escola em 2001 verifica-se que em 10 anos o peso médio dos alunos parece ter aumentado cerca de 3kg, o peso médio da pasta aumentou, pelo menos, 1 kg e a relação entre os pesos da pasta e do aluno aumentou substancialmente.
Os especialistas convidados consideraram os resultados preocupantes, mas não dramáticos uma vez que nos escalões etários estudados todo sistema músculo-esquelético está ainda em formação e é suficientemente “elástico” para permitir corrigir a generalidade dos danos resultantes das cargas transportadas. No entanto, foram ambos firmes na recomendação da prevenção desses mesmos danos através do alívio da carga transportada pelas crianças, bem como da utilização correcta da mochila de duas alças que consideraram ser a mais adequada para o efeito.
O estudo sobre a postura adoptada pelos alunos no acto da escrita consistiu na observação de cerca de 100 alunos dos 5.º e 6.º anos de escolaridade. Registaram-se a maneira como os alunos pegam na caneta, a postura corporal que adoptavam quando escreviam e a resposta à pergunta “ se alguma vez alguém os tinha ensinado a pegar na caneta”.
Concluiu-se que:
- Sendo necessário ver o aparo para controlar os movimentos da mão durante a escrita, a forma como se pega na caneta influencia decisivamente a postura corporal adoptada no acto da escrita.
- Nenhum dos alunos pegava correctamente na caneta e a forma como o faziam, porque obstruía a visão do aparo a partir de uma postura correcta do corpo, obrigava a posturas incorrectas para poderem ver o “bico” da caneta e escreverem.
- Todos responderam que ninguém alguma vez os ensinou a pegar na caneta
- Perante a possibilidade de passarem a pegar correctamente na caneta, em vez “torcerem” o corpo para escrever, todos os alunos acharam mais difícil a primeira hipótese, o que revela hábitos enraizados para cuja alteração é necessária persistência.
Tendo-se estimado que um aluno do 2.º ciclo passa duas horas por dia (não continuas) escrever deixou-se para reflexão a questão se se deve ou não ensinar a pegar na caneta deste tenra idade.
Sobre o conteúdo deste estudo os especialista convidados salientaram sua pertinência e concluíram que, quer do ponto de vista da prevenção das lesões músculo-esqueléticas, quer por razões de preservação da saúde do aparelho visual, há toda a conveniência em habituar as crianças, desde cedo, a pegarem correctamente na caneta (ou qualquer outro instrumento de escrita) e a adoptarem as posturas adequadas no acto da escrita.
Finalmente deve salientar-se o empenho de vários grupos de alunos da turma A do 5.º ano de escolaridade que, motivados pelo assunto “Ergonomia”, em cujo âmbito se enquadram os estudos aqui referidos, elaboraram e afixara no espaço polivalente da escola cartazes muito bem conseguidos e elucidativos da matéria em causa.
A Equipa do PES